segunda-feira, 29 de junho de 2009

sabedoria de rodoviaria

mais uma dos dias de viagens:

uma senhorinha, daquelas bem camponesas com lencinho na cabeça,
na sala de espera da rodoviária de marília... onde eu teria que passar 1 hora,
da minha bela e interminável sexta:
-menina você tá indo para onde?
- bauru.
- e vai levar esse mochilão?
- é que vou para são paulo... amanhã.(deu - se a vida)
- filhaaaaaa... você vai para são paulo sozinha?!
- vou.
- fazer oque minha filha, eu moro lá tão perigoso, tem muito homem lá.
sabe, homem que é homem,que num presta e homem que quer ser mulher, até se veste.
- aqui também tem.
- mas filhaaaaaa, eu moro lá há 50 anos, tanto assalto, roubo,
vc sabe, lá tem trem q corre debaixo da terra, eu ando naquele negocio, chama metro.
Mas fico com um medo menina, se me matar e me jogar nos trilho ninguém vê.
- aé... a violência tá grande!
- meninaaaaaaa, então. fica aqui, tão calmo...dá pra conversar. Eu gosto de conversar ajudar as pessoas, lá em são paulo menina num dá, outro dia fiz cocada,
mas tem fazer cocacda e saira vender neh? para ganhar unstrocos, agora que o collor num é mais presedente essa aposentadoria baixou minha filha, to fazendo cocada.
Pra ganhar uns trocados, olha... mas tem q sair para vender de branco tipo medico, para as pessoas terem confiança.Então mas fiz a cocada o menino do disgrama do moleque de rua, pediu uma pra mim eu num dei, se num sabe oque disgramado fez...
- robou?
- não filha eu já tava saindo de perto, ele tava todo sujo e para fazer cocada tem q estar limpinho,
- sei... (querendo saber oque disgramado do moleque fez)
- ele, o moleque me aparece com 1 real para comprar cocada, ai minha filha acabou minhas vendas, ele botou a mão suja no meu guardanapo.
e se sabe para fazer cocada tem q tá limpinho.
-pois é.
- menina mais eu adoro o interior dá pra conversar e ajudar as pessoas.
- na capital também dá!
- menina você num sabe que tá falando, lá num dá é muito sujo.


e o filho dela apareceu. e ela foi embora.
meio triste por não ter conseguido fazer eu desistir de viajar para a cidade que ela
vive há 50 anos.
e essa história ecoou pela minha cabeça...na verdade a tal da limpeza.

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